As crianças de Educação Infantil estão construindo as primeiras hipóteses de escrita e também sobre os números e o sistema de numeração decimal. Para podermos auxiliar os alunos no avanço de suas hipóteses e na ampliação do conhecimento numérico, é de extrema importância que sejam realizadas sondagens ou avaliações diagnósticas ao longo do ano letivo.
Elas são um instrumento de investigação do professor e têm como objetivo identificar os conhecimentos prévios dos alunos, detectar suas hipóteses sobre o SND, conceitos e procedimentos matemáticos, é importante também, para que o professor reflita e planeje intervenções que possibilitem avanços.
As sondagens permitem, também, que os alunos observem suas produções e reflitam sobre suas hipóteses. Quando percebem que há uma distância entre a escrita convencional de números e a sua, sentem-se motivados a procurar novas maneiras.
As principais épocas para a realização de sondagens são no início do ano, no meio do ano e no final; lembrando sempre que é preciso haver um acompanhamento constante das atividades dos alunos para verificar se há progressos e poder interferir durante o processo de aprendizagem.
Chamamos de sondagem ou avaliação diagnóstica inicial aquela que é feita ao longo dos primeiros contatos do professor com a classe, no início do ano letivo. Ela é importante para conhecer bem os alunos: é um momento de observá-los cuidadosamente e registrar as observações, para poder planejar as primeiras intervenções.
O diagnóstico inicial possibilita o mapeamento da classe e dá pistas para o planejamento.
A sondagem de idéias matemáticas divide-se em três partes: o ditado de números, contagem e quantificação.
Para termos acesso aos conhecimentos que as crianças elaboram sobre a numeração escrita, propomos um ditado de números, cujo objetivo é o levantamento das hipóteses dos alunos sobre a escrita dos números. Como na sondagem de escrita, não devemos ficar presos a numerais de apenas um algarismo ou que já seja de domínio dos alunos; para obtermos resultados, devemos variar os numerais contemplando uma diversidade de saberes que os alunos podem apresentar, além de uma série de “ordens numéricas” (quantidade de algarismos). Consideramos também uma diversidade qualitativa mínima que nos permite observar algumas hipóteses dos alunos.
Algumas orientações para realização do ditado:
• Antes de iniciar o ditado, entregue uma folha de papel em branco.
• Faça a sondagem individualmente.
• Oriente-os a usar números, pois pode ser que escrevam os nomes dos números por não estarem familiarizados com esse tipo de ditado.
• Explique que devem anotar os números da maneira como acham que é correta.
• Explique também que os números ditados devem ser escritos um embaixo do outro, ou se a professora preparou a folha, um em cada quadradinho.
• A sondagem pode ser feita em etapas para não cansar a criança.
Para a realização do ditado de números, o professor precisa selecionar no mínimo dez numerais e estes mesmos numerais serão ditados no início, no meio e no final do ano para que o professor possa comparar e perceber os avanços. É importante lembrar que, no momento da sondagem, nenhuma ajuda será permitida (nem por parte do professor e nem ajuda entre eles), pois, se houver alguma intervenção já não será possível fazer um diagnóstico correto.
Seguem os critérios para a seleção da lista de números (é importante que o professor conheça os critérios para formar essa lista, mas é preciso ter cuidado para que os números escolhidos não induzam os alunos a determinadas produções):
0 – alguns alunos podem “achar” que zero não é número (já nos dá boas pistas sobre o que eles pensam em relação a isso);
5 – 10 – 20 – 25 – 50 – 100 – 1000 – esses números podem ser considerados “marcos” porque são números de uso social freqüente. Aparecem, por exemplo, nas notas e moedas que utilizamos. Além disso, alguns são números redondos ou nós (10 – 100 – 1000);
52 – 86 – são números “transparentes”, que dizem exatamente o que são (como aqueles a partir de 16), são previsíveis, possíveis de antecipar, quando falamos esses números damos indícios de como registrá-los com algarismos;
11 – 13 – são números “opacos” (ou não transparentes), que não explicitam em sua forma oral, o princípio aditivo de nosso sistema de numeração. No entanto, o 13 pode ser conhecido pelas crianças, tivemos uma eleição recentemente ou por causa da sexta-feira treze;
77 – 555 – são números que têm todos os algarismos iguais, o que pode levar alguns alunos a variar a escrita em função do valor posicional dos algarismos;
51 – 2008 – são números familiares ou de uso freqüente (datas, marca de bebida alcoólica), além da presença do zero intercalado entre dois algarismos diferentes de zero;
52 – contêm “inversões” dos algarismos de dois números (52 é o contrário de 25, já citado);
648 – é um número composto por três algarismos diferentes;
90 – é uma “dezena cheia” diferente do vinte, que pode ser familiar por existir a cédula de 20 reais ou ser reconhecido no calendário;
150 – é um exemplo de números que podem ser compostos a partir de outros já ditados (50, 100), bons para mostrar de que forma os alunos articulam seus conhecimentos sobre os “marcos” e possíveis números “novos”; 2009 – serve para comparar a escrita de um número possivelmente “novo” com a escrita de um número conhecido (no caso 2008)(denominamos de número de memória, pois é utilizado diariamente no calendário / rotina).
Sugestões para o ditado:
0 – 19 – 53 – 190 – 11 – 35 – 100 – 284 – 305 – 99.
5 – 8 – 13 – 18 – 25 – 30 – 66 – 100 – 186 – 1000.
0 – 5 – 43 – 12 – 66 – 51 – 34 – 125 – 80 – 140.
Para a escrita de numerais, as principais hipóteses que os alunos terão são:
1 – Não usa algarismos para representar os numerais, apenas rabiscos e / ou desenhos (vermelho);
2 – Mistura letras com os algarismos (laranja)
3 – Escreve apenas algarismos aleatórios, muitas vezes espelha os numerais (amarelo);
4 – Utiliza um dos algarismos corretamente por exemplo: para o número 43 o aluno escreve 3 ou 13 (roxo);
5 – Uso dos “nós”: quando a escrita numérica é resultado de uma correspondência com a numeração falada. Ex. 100502 (para 152). A escrita utilizada nesta hipótese é uma produção aditiva, como se fosse 100 + 50 + 2 (100502) (azul);
6 – Escrita convencional: quando o aluno já representa o número da maneira correta, pois já percebe algumas regularidades como valor posicional de cada algarismo (verde).
A segunda parte da sondagem refere-se a “contagem” e deve ser trabalhada de forma concreta.
Separar alguns objetos (palitos, tampinhas, blocos de montar, etc.) e pedir que as crianças contem em voz alta, elas devem seguir a sequencia numérica e apontar cada elemento, porém essas orientações não deverão ser passadas aos alunos, servem apenas para a observação do professor. Essa atividade precisa ser executada individualmente. Não devemos ficar presos a uma sequencia muito conhecida e que posam aparecer em músicas, parlendas etc., por exemplo, de 1 a 10.
As principais hipóteses da contagem são:
1 – Desconhece completamente a sequencia numérica (vermelho);
2 – Recita números aleatoriamente (vai e volta na sequencia) sem apontar os objetos (laranja);
3 – Recita os números na sequencia sem apontar os objetos (amarelo);
4 – Aponta mais de uma vez o mesmo elemento e/ou pula números da sequencia numérica (roxo);
5 - Conta apontando os elementos, porém não chega ao fim da sequencia pedida (por exemplo: numa sequencia até 15 a criança só conta até 8) (azul);
6 – Conta apontando todos os elementos e seguindo corretamente a sequencia (verde).
A “sondagem de quantificação”, como na contagem, deve ser realizada de forma concreta e individualmente.
O professor de pedir que a criança separe uma quantidade sem dar maiores instruções. Deve-se repetir essa atividade com pelo menos três quantidades diferentes em cada sondagem. Recomenda-se que o professor solicite sempre quantidades superiores a 10.
As principais hipóteses são:
1 – Não consegue separar as quantidades solicitadas (vermelho);
2 – Separa alguns elementos, mas não as quantidades solicitadas (amarelo);
3 - Separa corretamente as quantidades solicitadas (verde).
Para visualizar melhor as hipóteses dos seus alunos, é interessante montar uma tabela com cada etapa da sondagem e registrar as produções com as cores determinadas para cada uma.
Tânia achei bastante significativa esta sua postagem sobre "Sondagem Matemática". Vou aplicá-la com os meus alunos.
ResponderExcluirObrigada!
Elda
Amei!
ExcluirGostei muito tenho vontade de ser rica na pedagogia!
ResponderExcluirEstou cursando 2 ano Pedagogia gostei muito do contepudo apresentado , vou utiliza-lo
ResponderExcluirSua postagem, ajudou e muito a esclarecer alguns pontos que tinha dúvida, parabéns!!!!
ResponderExcluirMuito obrigada por compartilhar seus conhecimentos conosco Tânia Vilela!!! Sua pastagem foi de grande esclarecimento para mim!!! Abraços fraternos!!!
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