11/06/2010

Sondagem do Desenho Infantil

Desenho Infantil

“Só se aprende a fazer, fazendo;


só se aprende a desenhar, desenhando”

Toda criança desenha. Pode ser com lápis e papel ou com caco de tijolo na parede. Agir com um riscador sobre um suporte é algo que ela aprende por imitação – ao ver os adultos escrevendo ou os irmãos desenhando. Com a exploração de movimentos em papéis variados, a criança adquire coordenação para desenhar.
O desenho parece surgir de forma espontânea e evoluir ao processo de desenvolvimento global da criança. Também é uma tentativa de comunicação formal e um meio de representação e simbolização. A criança expressa em seu grafismo aquilo que ainda não consegue com outras linguagens, por exemplo, a fala ou a escrita.
A criança constrói ao longo dos primeiros anos de seu desenvolvimento a capacidade de figurar e de expressar-se por diferentes linguagens e, exerce essa habilidade livremente através do desenho, da imitação, da dança e das brincadeiras de faz-de-conta.
No início de seu desenvolvimento cognitivo, o desenho é para a criança uma atividade lúdica, que amplia suas capacidades imaginativas e representativas. Ao iniciar seus rabiscos ainda na fase da garatuja, a criança vai percebendo as possibilidades daqueles traços e, essa exploração, de natureza inicialmente motora, vai possibilitando a ampliação de sua representação das coisas.
O desenho evolui conforme o pensamento da criança evolui. Seu traçado, tipo de desenho, e temática expresssam como a criança pensa, como vê o mundo, seus sentimentos e organização interna. A oportunidade de desenhar é importante para estimular a expressão, criatividade, o desenvolvimento intelectual e a conquista de outras linguagens, como por exemplo, a escrita que, “por ser um sistema de representação, está claramente vinculada com o desenho, sendo este uma preparação para alfabetização” (Pillar, 1996, p.32). Ou seja, o desenho permite à criança ao exercício de um tipo de simbolização gráfica que possui uma relação direta com a realidade, e que constituirá a base que, mais tarde, possibilitará que a criança possa construir a escrita, outro tipo de representação gráfica, mais abstrata e arbitrária, e que não guarda uma relação direta com o mundo físico.
Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos regulares e produzir seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos rabiscos e garatujas.
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. Essa passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas. Na garatuja a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. Mais cedo ou mais tarde, todos os pequenos se interessam em registrar no papel algo que seja reconhecido pelos outros. No começo, é comum observar o que se convencionou chamar de boneco girino, uma primeira figura humana constituída por um círculo de onde sai um traço representando o tronco, dois riscos para os braços e outros dois para as pernas. Depois essa figura incorpora cada vez mais detalhes, conforme a criança refine seu esquema corporal e ganhe repertório imagético ao ver desenhos de sua cultura e dos próprios e dos próprios colegas.

Piaget dividiu a evolução do desenho infantil, em cinco estágios:

1 – Garatuja: a criança demonstra extremo prazer e a figura humana é inexistente. A cor tem papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste. Pode ser dividida em:

Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Ainda é um exercício. Não há preocupação com a preservação dos traços, sendo cobertos com novos rabiscos várias vezes. Não há representação no desenho. Os traços podem ser leves ou fortes. Muitas vezes não respeita os limites do papel desenhando nas mesas e carteiras.

Ordenadas: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. Figuras humanas de forma imaginária, exploração do traçado, interesse pelas formas. Nessa fase a criança diz o que vai desenhar, mas não existe relação fixa entre o objeto e sua representação. Por isso ela pode dizer que uma linha é uma árvore, e antes de terminar o desenho, dizer que é um cachorro correndo. Relação espacial delimitada.

2 – Pré-esquematismo: descoberta de relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. O uso das cores não tem relação com a realidade, depende do interesse emocional.

3 – Esquematismo: esquemas representativos, começa a construir formas diferenciadas para cada categoria de objeto, por exemplo, descobre que pode fazer um pássaro com a letra “V”. Uso da linha de base e descoberta da relação cor / objeto. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aparecem fenômenos como transparência e o rebatimento.

4 – Realismo: consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de enfoque emocional.

5 – Pseudo Naturalismo: no espaço já apresenta a profundidade. Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença de articulações e proporções. A consciência visual ou a acentuação da expressão. Também fazem patê deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva.

Orientações para a sondagem

A sondagem do desenho infantil pode ser realizada coletivamente, desde que cada criança tenha sua folha e material para desenhar e, que o professor não permita intervenções de outros alunos. É aconselhável que nesse momento o professor circule pela sala observando os alunos, não é o momento para realizar tarefas afins.
No desenho da criança não é permitido que se escreva nenhuma observação, nem mesmo nomeie os objetos criados pelos mesmos, porém é necessário que o professor tenha um impresso seu onde possa fazer suas anotações sobre o desenho de cada criança e registrar a fase em que cada um se encontra. Os desenhos juntamente com o impresso preenchido pelo professor deverão fazer parte do portfólio dos alunos.
É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes tipos de desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e escutem a de outros e também que sugira a criança desenhar a partir de observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. Assim elas poderão reformular suas idéias e construir novos conhecimentos.

Curiosidades

Formas de interpretação do desenho infantil

Existem algumas pistas que podem nos orientar sobre o que diz os desenhos das crianças. No entanto, são puramente orientações, pois devemos lembrar que a interpretação de um desenho isolada do contexto em que foi elaborado não faz sentido.

Posição do desenho – Todo desenho na parte superior do papel, está relacionado com a cabeça, o intelecto, a imaginação, a curiosidade e o desejo de descobrir coisas novas. A parte inferior do papel no informa sobre as necessidades físicas e materiais que pode ter a criança. O lado esquerdo indica pensamentos que giram em torno ao passado, enquanto o lado direito, ao futuro. Se o desenho se situa no centro do papel, representa o momento atual.

Dimensões do desenho – Os desenhos com formas grandes mostram certa segurança, enquanto os de formas pequenas parecem ser feitas por crianças que normalmente precisam de pouco espaço para se expressar. Podem também sugerir uma criança reflexiva, ou com falta de confiança.

Traços do desenho – Os contínuos, sem interrupções, parecem denotar um espírito dócil, enquanto o apagado ou falhado, pode revelar uma criança um pouco insegura e impulsiva.

A pressão do desenho – Uma boa pressão indica entusiasmo e vontade. Quanto mais forte seja o desenho, mais agressividade existirá, enquanto a mais superficial demonstra falta de vontade ou fadiga física.

As cores do desenho – O vermelho representa a vida, o ardor, o ativo; o amarelo, a curiosidade e alegria de viver; o laranja, necessidade de contato social e público, impaciência; o azul, a paz e a tranqüilidade; o verde, certa maturidade, sensibilidade e intuição; o negro representa o inconsciente; o marrom, a segurança e planejamento. É necessário acrescentar que o desenho de uma cor só pode denotar preguiça ou falta de motivação.

Significados de alguns desenhos:

Árvore: Refere-se ao físico, emocional e intelectual da criança. Quando o tronco da árvore é alto e largo, revela que a criança tem muita força na superação dos problemas. Quando o tronco for pequeno e estrito, revela vulnerabilidade às complicações. Se houver excesso de folhas, a criança tem grandes ocupações, talvez em excesso. Se houver poucas folhas e galhos a criança está triste.

Casa: Desenho de uma casa grande demonstra grande emotividade, já uma casa pequena demonstra retraimento.

Barco: Significa que a criança adapta-se facilmente a imprevistos. Barco grande revela que não gosta de mudanças e aprecia ter controle da situação, se o barco for pequeno demonstra ser sensível e ter grande intuição.

Flores: desenhar flores significa que a criança é alegre e feliz.

10 comentários:

  1. Adorei seu blog... sou professora de Educação Infantil a pouco tempo e tenho muito a aprender.Tirei muitas dicas. Parabéns!!!!

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  2. PROCUREI MUITO SOBRE SONDAGEM PARA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENCONTREI NO SEU BLOG!!! ELE É UMA FOFURA PARABÉNS!!!!OBRIGADA.

    ANDRÉA SANCHES CARLOMAGNO DA SILVA

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  3. Amei seu blog, fonte de socorro para professoras aflitas!!!!!!!!!

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  4. ADOREI O BLOG ESTAVA A PROCURA DE SONDAGEM NA EDUCAÇAO INFANTIL A DIAS E SÓ ENCONTREI AQUI PARABÉNS

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  5. Parabéns!!!
    Adorei acrecentou no meu aprendizado .

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  6. Parabéns! Aprendi bastante, ótimas dicas para s trabalhar com as crianças.

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  7. e qdo a criança usa mais o lápis preto p desenhar e pi tar.e faz muito rabisco??

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  8. quero saber qdo a criança usa muito o lapis preto

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  9. Quero saber quando a criança só coloca letras( não faz nenhum desenho)

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